Mago: Aprendiz por Raymond E. Feist

abril 13, 2014

A magia por natureza é instável. Às vezes, um feitiço deforma - não sabemos o motivo - a tal ponto que... rompe a estrutura do mundo. Por breves instantes, surge um portal e forma-se uma passagem para... outro lugar. Sabe-se pouco a respeito dessas ocorrências, excetuando o fato de que envolvem descargas gigantescas de energia.


Publicado originalmente em 1982 e reeditado em 1992, sendo acrescentado cenas que antes haviam sido cortadas em sua primeira publicação, o primeiro livro da Saga do Mago chegou até nós no ano passado pelo Selo Saída de Emergência da Editora Sextante. Confesso que estava empolgada para ler esse livro desde o seu lançamento, mas apenas agora tive a oportunidade de colocar minhas mãos e olhos em um de seus exemplares.



 Em uma edição com a ilustração de capa caprichada e de boa diagramação, Aprendiz é uma obra em que você precisa ir com calma, é um enredo que vai se tornando envolvente entre um capítulo e outro. Em um determinado momento você vai tratá-lo como um livro de clichês e em outro vai se ver fisgado por uma história sobre o encontro de dois mundos desconhecidos.



Pug é um órfão de aparência franzina que vive na tranquila vila de Crydee, após ser acolhido pelo Duque Borric con Doin e criado pelos pais de seu melhor amigo, Tomas, na cozinha do Castelo. Como todo garoto sonhador, tudo o que nosso protagonista deseja é se tornar um guerreiro destemido e seu maior temor era acabar não sendo escolhido pelos Mestres para se tornar aprendiz de algum ofício. Contudo, eis que para sua surpresa e a de todos os presentes no Dia da Escolha, após todos os demais jovens serem chamados, o mago Kulgan escolhe Pug como seu aprendiz. A partir desse momento a vida do personagem nunca mais será a mesma e a escrita de Raymond E. Feist começa a tentar nos fisgar.

O fato de ser hoje um homem livre deve-se unicamente à bondade do Duque. Ele julgou que não seria tão grave libertar o filho de um escravo quanto escravizar o filho de um homem livre.



A surpresa mesmo é que o ápice de tudo, o mistério que circunda a trama do livro, além da dificuldade de Pug em executar o mais simples feitiço, é o surgimento de um inimigo desconhecido vindo de outra dimensão que promete abalar a paz do reino de Midkemia. Aí o autor acerta de mão cheia na trama e você não desgruda mais do livro: o momento em que a história deixa de ser somente Pug e cresce como um todo.



Mago: Aprendiz começou fraco, a ponto de me fazer duvidar no início que o livro fosse "um dos 100 melhores livros de todos os tempos". Talvez por que eu tenha criado uma profunda aversão pela apaixonite de Pug. Sim, sempre tem uma donzela na vida do herói, mas acontece que ela é praticamente a única personagem feminina e era tão "blergh!", simplesmente não engoli bem aquela criatura. Existem tantas donzelas em perigo muito mais interessantes do que ela, sem contar que eu a descartaria sem pensar e deixaria o livro somente com os homens mesmo que estaria incrível. Contudo, quando a trama cresce e aquela menina some por um bom tempo das minhas vistas, eu praticamente devorei cada página!



Começa assim a ação, a guerra, a aventura e o surgimento das outras nações. Se o romance é chato, devo dizer que os laços de amizades são bem construídos. Gostei muito de todos os personagens, mas principalmente do mago Kulgan, o Sacerdote Tully, Martin e Príncipe Arutha. Por isso, apesar dos pontos fracos ainda recomendo o livro se você tiver paciência de chegar um pouco antes da sua  metade. Agora é ler o segundo livro e torcer para que ele seja tão bom quanto as partes finais de Aprendiz.

Há amores que chegam como a brisa do mar, enquanto outros crescem devagar das sementes da amizade e da bondade.


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