Os Invernos da Ilha por Rodrigo Duarte Garcia

julho 03, 2016


Os Invernos da Ilha escrito por Rodrigo Duarte Garcia pode parecer calmo e sereno no início, mas aguarda entre seus capítulos uma grande história, incluindo um tesouro perdido.

Ele então me olhou e parou de sorrir:"Do que vale ganhar a vida e perder a alma, comandante?"

Somos apresentados a Florian em sua chegada na Ilha de Sant'Anna Afuera. Não sabemos muito sobre sua história no início, mas é possível perceber os traços de um personagem melancólico com ares de atormentado, meio sem rumo, que optou por se exilar no mosteiro de Santa Cruz para quem sabe ali encontrar sua vocação com a ajuda do seu amigo de infância, o monge católico, Fernando. Contudo, ele não esperava que através do professor Rousseau, até então hospedado também no mosteiro, encontrar um diário do corsário holandês Olivier van Noort e embarcar na busca de um possível tesouro perdido.


No início confesso a leitura de Os Invernos da Ilha não me prendeu muito, mas através das páginas quando o ritmo engrena me senti finalmente imersa em uma prazerosa narrativa que caminha entre duas linhas tênues: passado/presente e ficção/realidade. Talvez seja melhor eu explicar de outra forma, digamos que acompanhamos a história do personagem Florian no tempo presente e ao mesmo tempo somos brindados como trechos do diário do corsário Olivier van Noort.

Sei que pode parecer que estou falando muito da escrita do autor, mas é que realmente me pegou de surpresa. Eu não esperava por isso, quando solicitei o livro foi praticamente de olhos fechados após ter lido o elogio do editor Carlos Adreazza. Não sei se foi a intenção do Rodrigo Duarte, mas o ritmo é quase uma representação do mar, tem momentos que se parecem com um ir e vir de ondas calmas, vez ou outra trechos misteriosos e cinzentos, que acabam por dar passagem a tempestades e momentos de tormenta.

"Ah, sim. Em todas as tradições - nos mitos celtas, escandinavos, andinos, as escrituras budistas, a Bíblia -, o oceano sempre foi um símbolo do desconhecido, da desordem, o lugar que esconde mistérios e feras, entre tormentas e ciclones. O mar, classicamente representa o Mal. Melville mesmo o chama de mortalha, e é dessa mortalha que surge Moby Dick."

Enfim, não revelei muito, pois o livro mesmo não nos revela quase nada de início. As revelações vão sendo gradativamente mostradas, com paciência. Por isso eu não poderia deixar de recomendar o livro para aqueles que estão dispostos a acompanhar uma verdadeira a jornada em busca de um tesouro perdido.

Obrigada Editora Record pelo envio do exemplar!

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